O que analisar na hora de criar uma videoaula ou um vídeo de treinamento utilizando a técnica whiteboard
O whiteboard ( “quadro
branco”) é uma técnica de animacão gráfica que, conforme o nome sugere, nos
remete ao quadro utilizado em algumas salas de aula e em reuniões ou eventos corporativos.
Nessas situações, a pessoa faz ilustrações à mão no quadro, para organizar
visualmente sua exposição. Esse recurso de docentes e palestrantes foi, então,
transporto para o vídeo por meio dessa técnica, que carregou o nome whiteboard.
Mas como saber quando usá-la? Para responder a isso, é importante,
primeiramente, entender suas características. Trata-se de uma linguagem que
traz uma tela de fundo branco, que vai sendo “preenchido” por desenhos feitos
por uma mão, como se estivéssemos próximos dessa pessoa que escreve no quadro.
É uma linguagem visualmente simples, que pode ser utilizada com música, com uma
locução off ou com ambos. Por ser uma linguagem que utiliza poucos recursos do
audiovisual é que devemos elaborar bem o que será desenhado, para que não fique
muito fraca visualmente e, evidentemente, para que o vídeo cumpra seu papel
pedagógico.
Se houver uma pessoa boa para desenhar e recursos para gravar com
qualidade, é possível fazer um vídeo desses com papel e caneta ou até com
quadro e caneta. Mas quando for gravar, é necessário concentrar a imagem no
quadro, usando uma boa iluminação, e elaborar tudo pensando na dinâmica da
edição, que também deve ser bem feita. Caso contrário, o vídeo pode acabar se
tornando uma gravação de uma aula diante de um quadro. Isso é menos atraente
que a imagem concentrada no quadro, mostrando os traços sendo feitos (no ritmo
que acharmos mais dinâmico). A concentração da imagem próxima ao quadro nos faz
manter a atenção no que está sendo desenhado, facilitando a compreensão da
mensagem.
Mas é possível utilizar a imagem (foto) de uma mão segurando uma
caneta ou lápis e criar os movimentos de desenho em um programa de edição ou
pós-produção de vídeo. Normalmente, é assim que se faz. De qualquer forma, é
importante ter boas figuras que, mesmo que tenham sido feitas no computador, tenham
traços que possam simular um desenho feito à mão. Afinal, o efeito faz com que a
imagem da caneta ou do lápis vá passando sobre o quadro branco e, sob o lápis
ou caneta, os traços do desenho se revelam, dando a impressão de serem
desenhados naquele momento.
Já existem muitos vídeos que aceleram bastante a velocidade do movimento da mão,
o que não é o ideal, mas ainda pode funcionar. Há, porém, aqueles que utilizam figuras
que não poderiam ser feitas à mão. Nesses casos, o whiteboard soa artificial e, no meu entendimento, funciona menos.
Mesmo a aceleração me parece ser algo para ser usado com cuidado. Penso que a
melhor solução para os momentos em que o desenho precisa ser muito rápido,
porque não há tanta informação a ser passada pela locução, é não desenhar tudo
diante da câmera. É possível, por exemplo, fazer a mão empurrar para dentro da
tela um desenho já iniciado e apenas terminar os traços ou pintar de outra cor,
como neste
exemplo, ou deixar apenas uma parte para ser desenhada, como neste outro,
que mistura um pouco as técnicas (e
até acelera um pouco demais, de vez em quando). No caso do último, acho que
eles poderiam acelerar menos, mas é um vídeo que funciona assim mesmo.
Existe uma variação do whiteboard
que se utiliza de pedaços de papel com imagens ou textos sendo depositados
sobre a tela branca (como se a tela estivesse no chão e a câmera a mostrasse do
alto, a 90 graus do chão). Também é um caminho interessante, que pode ser
intercalado com a escrita propriamente dita. O importante é procurar usar o
mesmo estilo durante todo o vídeo e, como sempre, que se alcance os objetivos
pedagógicos. Para isso, a parte estética é também importante, porque ajuda a reforçar o
interesse e dá dinâmica à lição ou treinamento.
Um cuidado a ser tomado é com os programas que fazem whiteboard automaticamente. É preciso
saber usá-los, porque o risco de ficar mal feito é ainda maior. Não basta pegar
qualquer desenho e colocar no programa. Precisa analisar os pontos mencionados
acima.
Em todos os casos, não podemos nunca esquecer de escolher a linguagem a partir dos objetivos pedagógicos e não o contrário. Senão, a linguagem
pode ir contra suas intenções, assim como os responsáveis pela produção podem
incorrer no erro de investir muito tempo na elaboração técnica, esquecendo-se de
verificar se o vídeo trabalha as habilidades necessárias ao curso ou treinamento e àquela aula especificamente.
Prof.
Dr. Candeias
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Candeias
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