Escolha a linguagem de um vídeo educativo a partir dos objetivos


A escolha de qual linguagem utilizar em um vídeo dentro de um projeto pedagógico de qualidade deve partir dos nossos objetivos. Por mais óbvio que isso pareça, acontece frequentemente de algumas pessoas começarem pela linguagem, simplesmente por acharem que ela é interessante visualmente. Não é proibido, evidentemente, mas nesse caso o objetivo primeiro passa ser: criar um vídeo com determinada linguagem. Pode funcionar, em alguns casos, mas pode atrapalhar, em muitos outros, diminuindo a eficiência pedagógica do vídeo.

Essa não é uma recomendação apenas para cursos de instituições de ensino ou empresas que querem promover um bom treinamento de funcionários, trata-se de um cuidado relevante também para um curso livre independente ou até para um vídeo isolado, a ser postado voluntariamente nas redes sociais.

Mas qual é o problema de fazer isso? O problema é que a linguagem escolhida aleatoriamente ou apenas porque é impactante nem sempre será a melhor para transmitir as informações que queremos ou para desenvolver as habilidades que pretendemos com o vídeo.

Exemplo:

Imagine que uma empresa tenha como objetivo realizar um vídeo que mostre para toda a sua equipe como acessar e quais as funcionalidades de um portal interno, no qual devem ser inseridos os cronogramas, problemas de processo, alterações de agenda, relatórios etc.

Digamos que as pessoas responsáveis pela elaboração do vídeo dentro da empresa considerem unanimemente que uma linguagem com técnica de whiteboard é muito lúdica e dinâmica, porque mostra a mão desenhando, por isso deveria ser mais usada na comunicação interna. Assim, por conta disso, decidem que o vídeo de apresentação do portal deve ser feito utilizando essa linguagem de que gostam tanto.

Não é impossível fazer esse projeto, mas a linguagem de whiteboard certamente não é a mais adequada para os objetivos reais do vídeo: apresentar o portal de maneira didática para a equipe. Os dois maiores problemas dessa escolha: 

1) A técnica de whiteboard é baseada em desenhos feitos a mão. Assim, o vídeo não mostrará as telas do programa, de modo que as pessoas possam reconhecê-las com mais facilidade, ele mostrará desenhos estilizados das telas.

2)  O segundo problema é que o whiteboard demora um pouco para formar as ilustrações, porque elas não aparecem integralmente, de uma única vez. Em vez disso, no whiteboard os traços do desenhos vão sendo desenhados pela mão, até que a imagem esteja completa. Sendo assim, como fazer para apresentar tudo o que aparece na tela do portal, sem perder tempo esperando o desenho ser terminado. Além disso, quando formos mostrar o acesso a uma outra página do portal, dentro do vídeo de apresentação, teremos que esperar até que a segunda tela seja desenhada pela mão. Não temos muitas informações para passar enquanto a mão desenha, porque o vídeo concentra-se nas instruções do tipo "clique em entrar", "preencha seus dados" etc. Às vezes, há pessoas que aceleram o whiteboard, pra agilizar o vídeo. Isso pode até fazer a animação gráfica se encaixar no tempo da locução, mas quebra todo o efeito dessa técnica, porque a aceleração faz a mão se movimentar em uma velocidade sobre-humana, deixando de ser convincente (para dizer o mínimo).

Creio que esse exemplo deixa bem claro que a linguagem deve ser escolhida a partir dos objetivos. Caso contrário, o objetivo passa a ser fazer um vídeo com aquela linguagem. Isso não é, na esmagadora maioria dos casos, o objetivo de um curso. A não ser que seja um curso sobre linguagens de vídeo ou algo nessa linha.

Então, é importante sempre observar primeiro quais são os objetivos, para depois escolher qual é a melhor linguagem para alcançar tais objetivos.


Prof. Dr. Candeias



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