10 perguntas a serem feitas antes de se iniciar a produção de vídeos educacionais ou de treinamento
A produção de vídeos educativos de
qualidade passa por muitas etapas e envolve equipes com formação e visões muito
diferentes. Por isso, o bom gerenciamento de todo o projeto é fundamental para
incrementar o resultado e reduzir os prejuízos de tempo e financeiros. Mas o
que fazer para aumentar a eficiência desse processo? Como em qualquer projeto,
um dos pontos principais é dedicar uma atenção especial ao planejamento. No que
diz respeito à parte de criação, esse planejamento seria o conhecido briefing.
No mercado publicitário, a chamada “reunião
de briefing” ocorre entre o cliente e
a agência. Quando a campanha prevê a criação de obra audiovisual, como anúncio
para a televisão ou internet, é dessa reunião que surgirão os subsídios para
o(a) redator(a) escrever o roteiro. Esse roteiro, por sua vez, será encaminhado
junto com outras informações para uma produtora de audiovisual.
No mercado de vídeos educacionais ou corporativos
(que inclui os vídeos de treinamento), a reunião de briefing acontece entre o cliente e a produtora de audiovisual.
O ideal é que a pessoa responsável pedagogicamente
pelo curso participe dessa reunião, junto com o(a) roteirista e o(a) diretor(a)
de cena, mas isso não costuma acontecer. Sendo assim, como fazer?
Como criar um bom briefing para vídeos educacionais?
Caso não seja possível uma boa conversa
entre o(a) roteirista e os responsáveis pelo curso, podemos criar um conjunto
de perguntas (e subquestões para detalhamento) a serem respondidas pelo cliente, criando o briefing com o intuito de estabelecer um
parâmetro para todas as pessoas envolvidas no projeto, desde a criação à pós-produção:
1 – O que gerou a demanda para o curso ou
treinamento? Quais são os resultados esperados dele?
2 - Quais são os objetivos pedagógicos? Quais
habilidades e/ou conhecimentos devem ser desenvolvidos pelos participantes por
meio do curso ou treinamento?
3 – O curso já existe em formato presencial?
Caso sim, quais são as metodologias utilizadas para alcançar tais objetivos?
4 – Qual é o perfil do público ao qual se
destina o curso ou treinamento?
5 – Existe uma comunicação estabelecida com
esse público? Se sim, qual é o estilo utilizado para isso?
6 – Existem outras orientações quanto à
linguagem ou ao estilo da comunicação com o público do curso/ treinamento?
7 – O que se espera que o público sinta em
relação ao curso/ treinamento e em relação aos vídeos? (Exs: Comprometimento,
motivação, senso de responsabilidade, que o tema é imprescindível...)
8 – Existe algum material que sirva como
referência para o que se espera de resultado do curso e dos vídeos?
Essas 8 questões ajudam a criar um
parâmetro bastante razoável entre todos e municia a equipe de audiovisual na
construção de um material que vise atingir os objetivos que movem o projeto.
Como acréscimo, para buscar uma relação mais segura e transparente entre
produtora e cliente, eu acrescentaria:
9 – Quem será a pessoa responsável pela
entrega do material dentro da produtora?
10 – Quem será a pessoa responsável pela
aprovação do material pelo cliente? Ela estará presente na definição do briefing?
Esses dois último itens são importantes para a criação, mas também em
termos de produção (assim como questões de prazo etc.). Se o briefing e
a aprovação final não forem liderados pelas mesma pessoa, é importante que seja acordado
de antemão como resolver a possível situação em que a pessoa responsável pela
aprovação exija um resultado diferente do que foi solicitado no briefing. Nesse caso, a adequação do
material seria praticamente uma nova demanda, ainda que haja objetivos ou
outros itens semelhantes. Fazer tudo de novo afeta tempo e custo,
evidentemente. Isso é ruim para a produtora e para o cliente. Por isso, o ideal
é tentar conversar com o cliente para que se tente ao máximo envolver no briefing a pessoa responsável pela
aprovação. Caso não seja possível – o que ocorre, por exemplo, com alguns executivos
de alta administração que não querem se envolver a parte inicial – é melhor
que seja acertado um valor adicional para o caso de um novo briefing. Caso contrário, a produtora
saíra no prejuízo.
Basicamente, como se pode ver, é preciso
planejar bem antes de iniciar o trabalho e, de preferência, aprimorar os métodos de planejamento
constantemente, visando os projetos posteriores. Com um planejamento ruim,
podemos ser as pessoas mais competentes do mundo, que iremos apenas “executar
com sucesso um plano que não leva a lugar nenhum”.[1]
É, conforme diz Stephen R. Covey, como a regra do carpinteiro: “meça duas
vezes, corte uma”[2].
Afinal, depois de cortar a madeira, não podemos mais corrigir a medida que
fizemos.
Essa analogia vale, evidentemente, para
produções audiovisuais, sobretudo para a criação de vídeos para EaD ou treinamento, porque, nesses casos, o material audiovisual não é criado como uma
expressão artística livre, ele precisa cumprir objetivos pedagógicos específicos.
Prof. Dr. Candeias
Referências:
Cover, Stephen R. The 7 habits of Highly Effective People. NY: Rosetta Books LLC,
2012.
Ries, Eric. The
Lean Startup. New York: Crown Business, 2011.
[1] “Successfully
execute a plan that leads nowhere” (Ries, 2011, p. 66. Tradução nossa)
[2] The carpenter’s rule is “measure twice, cut one”. (Covey, 2012, p. 188. Tradução
nossa)
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Candeias
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