6 dicas de como criar/elaborar videoaulas profissionais
A videoaula é apenas um
dos muitos formatos possíveis para o ensino a distância, híbrido ou para
atividades de sala invertida. Ela é muito útil em diversos casos, tanto em um
curso de graduação, como em um trabalho de treinamento de funcionários, por
exemplo.
Mas como fazer uma boa
videoaula? Seguem algumas dicas, pra te ajudar na realização de projetos
pedagógicos que se utilizem desse importante recurso:
1 - Pense nas especificidades da linguagem audiovisual
Ligar uma câmera e
deixá-la gravar a aula inteira com uma pessoa falando, rabiscando em um quadro,
é uma boa escolha? Normalmente, não; especialmente quando se trata de uma aula
longa. Talvez, ao optar por esse formato, as pessoas estejam pensando na
videoaula como uma transmissão em vídeo de uma aula tradicional. O raciocínio
faria sentido, se o resultado não fosse pouco dinâmico, nem desperdiçasse os
recursos que o vídeo nos oferece.
Numa aula presencial,
podemos alternar nosso olhar para o quadro, o(a) professor(a), seus gestos,
suas expressões faciais, nossas anotações e outros pontos dentro do ambiente.
Além disso, uma comunicação presencial, frente a frente, tem mais apelo aos
nossos sentidos do que uma interação mediada por meios eletrônicos (que ainda
emitem a luz do dispositivo contra nossos olhos, cansando-os durante o tempo).
Guardadas as devidas
diferenças, algo semelhante pode ser observado em uma peça teatral filmada.
Quase toda a sua força se perde quando a obra é gravada em vídeo. Para que ela
funcione no formato audiovisual, deve-se escrever um roteiro inspirado na peça
original e pensar como tudo deve ser filmado, visando essa outra linguagem.
Cada linguagem tem suas especificidades.
Por isso, o melhor a
fazer é pensar na videoaula como uma aula criada especificamente para o meio
audiovisual.
2 – Faça cortes utilizando enquadramentos diferentes
Para dar uma dinâmica ao
vídeo, procure utilizar enquadramentos diferentes, para poder cortar de um
enquadramento para outro, quando a aula for editada. No caso da gravação de uma
professora ou professor falando, isso contribuirá para o resultado e facilitará
a gravação das aulas com qualidade, já que nos permite gravar por trechos,
cuidando melhor de cada um deles.
No entanto, é importante
ter algum conhecimento de direção ou edição para não exagerar nos cortes e,
principalmente, saber quando cortar. Isso faz com que os cortes auxiliem na
compreensão do conteúdo e na atratividade do vídeo. Um close-up no rosto
da professora no momento em que ela faz uma ressalva ao que foi dito ou
menciona algumas exceções a uma regra, por exemplo, pode ajudar a marcar essa
informação.
Na melhor das hipóteses,
contrate um(a) diretor(a) de cena para gravar as aulas e supervisionar o
trabalho de edição. Se não for possível, procure estudar sobre gravação e
edição para conhecer os fundamentos principais.
3 – Sempre que possível, utilize letreiros e computação gráfica
Algumas videoaulas
precisam mais de elementos visuais para ilustrar do que outras. A definição de
qual é a medida depende do conteúdo e do tempo de aula. O letreiro ajuda a
marcar visualmente o que está sendo explicado e, assim como os cortes com
enquadramentos diferentes, ajuda na dinâmica do vídeo.
Na maioria dos casos,
vale a pena contratar um(a) editor(a) de vídeo profissional e, de preferência,
um(a) diretor(a) de cena, para ajudar a criar a concepção e orientar o editor.
Juntos, diretor(a) e editor(a) poderão deixar o vídeo interessante de ver,
didático e estabelecer uma identidade visual, que dará "uma cara"
para o curso.
Antes de contratar o(a)
editor(a) de vídeo, converse sobre o trabalho, para saber se a pessoa faz
computação gráfica (ou “arte” como se fala também no mercado) ou se ela faz
apenas cortes.
4 – Evite enrolação
Procure fazer aulas
objetivas e não muito extensas. Numa sala de aula é mais difícil a pessoa
abandonar o ambiente, quando o(a) professor(a) dá voltas antes de chegar ao
assunto que interessa. Houve um esforço pra chegar lá, ela pode se sentir um
pouco constrangida de sair na frente de todos... No vídeo, basta um clique. E
ninguém fica sabendo.
O tempo ideal é
relativo. Depende do conteúdo e do meio pelo qual ele será divulgado. Mas, de
modo geral, é melhor dividir a aula em vídeos curtos. Afinal, as videoaulas não
podem ser maçantes. Têm que ser dinâmicas, prazerosas de se ver e, obviamente,
informativas.
5 – Não perca de vista os objetivos pedagógicos/didáticos da videoaula
Por isso, devemos evitar
a tentação de transformar a aula em puro entretenimento, pensando como se fosse
um programa de TV. A finalidade é outra. Para que as videoaulas cumpram sua
função é importante que a equipe de vídeo conheça os objetivos pedagógicos,
elaborados no plano de ensino, e saiba criar o material audiovisual visando
esse fim antes de tudo. O resto ajuda (e muito!), mas não pode ser prioritário.
6 – Escolha o material adequado para os meios audiovisuais
Nem todo conteúdo
funciona bem numa videoaula. Existem temas que exigem uma reflexão mais longa,
como a análise de uma planilha financeira, por exemplo. No formato de vídeo,
podemos demonstrar o raciocínio por trás de um cálculo, mas não podemos tão
tranquilamente dar um tempo para que as pessoas compreendam algo antes de
seguirmos para a etapa seguinte. Se dermos uma pausa no vídeo, como saberemos o
tempo necessário para a pessoa que assiste poder prosseguir na explicação? Se
sugerirmos que a pessoa dê uma pausa no vídeo, isso tende a não funcionar.
Um outro exemplo: se
quisermos que a pessoa compare aspectos micro e macro de uma tabela ou gráfico,
temos que contar com uma computação gráfica muito boa, que tomará bastante
tempo e não terá um custo baixo. E, nesse caso, também não saberemos qual é o
tempo necessário de exibição de uma informação específica (micro), nem de sua
passagem para a tabela como um todo (macro). O vídeo não tem como mostrar isso
no tempo certo para todas as pessoas que o assistirem. Então, embora fosse
possível adaptar um conteúdo dessa natureza para uma videoaula, essa não é a
melhor opção. O ideal é que a pessoa possa ter a tabela em PDF, por exemplo,
para poder passear os olhos entre os elementos necessários ao seu raciocínio,
indo o voltando o quanto quiser. Em resumo, esse tipo de conteúdo deve ser
trabalhado em outro formato, não em videoaulas, mesmo se se tratar de um curso
a distância.
Prof. Dr.
Candeias
© Candeias
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